Quinta feira de madrugada. Rua das Clemates. Encosta uma Kombi branca com seu piloto oficial, um tal de Luizinho, que seria o condutor da tropa. Ele, eu o Alberto e na praça da Avenida Zelina, hoje praça Lituana, mais três personagens: o Cabero, o Rubens e o Adalberto. Ajusta-se ou coloca-se a barraca na Kombi, o pão é jogado em qualquer canto e a preciosa bebida acomodada em caixas de isopor com gelo. A sensação de sentar no banco da Kombi era impressionante, não sabemos se seria por ela não ter freio "pegando" direito ou se seria o condutor que já estava se ambientando às largadas e freadas dos bólidos de F1.
Chegava-se a Interlagos lá pelas três da matina. O mais veloz se colocava na fila e os demais iriam procurar um local para estacionar a "possante".
Aberto os portões, o mais rápido corria e demarcava a área da barraca. Teria que ser um local alto, de preferência junto ao Kartódromo, perto de algum banheiro (só tinha um...) e seja o que Deus quiser.
Armada a barraca, no bom sentido, afinal só tinha homens, o lanche era devidamente colocado em algum canto e as "iskol" colocadas no gelo.
Banho? Banheiro? (neste caso as latinhas vazias de "iskol" tinham serventia. Se bem que alguns tinham problema em acertar o buraco da lata. Né Luiz?).
A noite era uma confraternização só, afinal todo mundo meio (inteiro) de fogo, e a canção tema era:
"Nóis é nóis e o resto é bosta!
Nóis é nóis e o resto é bosta!
Nóis é nóis e o resto é bosta!
É de nóis que o povo gosta!"
(cantada com a melodia de Glória, Glória, Aleluia).
Sexta, sábado, de vez em quando vinha um caminhão pipa jogando água. Era o banho oficial, antes da corrida. Geralmente ocorriam outros banhos providenciais. Diminuía a dor das queimaduras. Afinal, protetor solar era coisa que não existia, quando muito bronzeador, e tinha um pessoal que o fazia com um preparado à base de coca cola!
O maior barato era ver a corrida "trepado" no muro. E neste ano a coisa foi mais que boa. Nada menos que sete carros bateram praticamente abaixo de nossos pés.
Foi a última corrida do José Carlos Pace no Brasil. E o pior! Quem ganhou foi um argentino.
Volta, domingo à tarde. Todo mundo cansado, queimado, desidratado, o piloto da Kombi pensando que é um ás no volante, a bendita "caranga" com certeza sem freio e o final feliz: todo mundo no quintal da casa da minha mãe lavando a barraca. Afinal não era só o Luizinho que não acertava o buraco da latinha de "iskol".
E no balanço final sempre sobrou pão com queijo, mas as "iskol"? Nem cheiro.
Lembrei desta epopéia quando revi o vídeo da corrida, ontem, aqui no blog.
Tudo o que dissemos está lá, talvez até algum de nós se reconheça na turba.
Já que é pra recordar um ótimo tempo... O piloto da Kombi com certeza deve dirigir melhor. Ou pelo menos ter trocado o freio, do carro, e não o dele, espero! Os demais estão pela vida. Outros continuam indo a Interlagos, curtindo ou olhando o velho "retão" e relembrando...
Um abraço a todos e principalmente ao nosso "Test Driver" (Luizinho). Se bem que os "Dummies" (bonecos utilizados em "crash-test") éramos nós!
* Dr. Roque (especial para o blog da GGOO, em texto publicado no site da Familia Rocchi)
Bela história... dá até para imaginar as situações!!!
ResponderExcluirEspeStacular!!!
ResponderExcluirEu si divirto com essas histórias.
E com todo o "conforto" de hj, tem bundão que reclama da fila!!
gostei da musiquinha... que tal revivermos ela esse ano???
ResponderExcluirRealmente a história é fantastica... os detalhes são tão bem colocados que dá para imaginar cada coisinha...
ResponderExcluirParabéns Dr. Roque =))