29 de janeiro, uma data sem motivos de comemoração aparente para alguns, motivo de festa para milhares de pessoas que se encontravam em Interlagos naquele dia quente.
Passados 3 dias entre barracas, mato não carpido, comida fria e muita diversão o povo se reunia no final do retão fazendo um barulho ensurdecedor e animando todos que estavam com sono.
Começava a temporada dos sonhos. O campeonato perfeito, em uma das pistas mais seletivas do mundial: Interlagos. Com suas curvas, retas, subidas e descidas desafiava o brio dos pilotos pelas melhores voltas.
A disputa começou quente pela pole position entre a dupla da Lotus: Jim Clark e Emerson Fittipaldi, Ayrton Senna na Mclaren e Ingo Hoffman na Fittipaldi, o que não era surpresa para a multidão. Os favoritos do público estavam disputando as melhores posições. No final do treino, pelos gritos da multidão, a pole ficou com Ayrton Senna, com Emerson Fittipaldi em segundo e Ingor Hoffman em terceiro. A festa estava preparada.
No meio do pelotão outras disputas interessantes entre Schumacher, Villeneuve, Alonso, Mansell e Barrichello. O final do grid era disputado volta a volta entre Boutsen, Martini e Damon Hill, cabendo ao piloto italiano a honrosa última posição.
A corrida seria longa e desgastante. Foram programadas 72 voltas, quase duas horas de corrida, um desafio físico para pilotos e equipamentos.
Enquanto não chega a hora da largada alguns pilotos estão tensos, outros muito descontraídos. Peterson brincava com todos, acompanhado de Villeneuve e Martini. Prost, o mais sisudo de todos, ficava só olhando, emburrado.
É hora de largar. A esquadrilha da fumaça passa sobre o autódromo com o aviso de ligar os motores. A platéia vibra, os motores são acionados, a partir de agora todos os olhos do mundo estão voltados para a pista.
Os carros alinham. Sinal vermelho. Sinal verde. Eles partem levantando muita fumaça. Na entrada da curva 1, Senna permanece em primeiro, com Ingo em segundo, Emerson em terceiro, Prost em quarto, Alonso em quinto, Barrichello em sexto, Mansell em sétimo, Schumacher em 8º, Stewart em 9º e Piquet em 10º. Villeneuve passa direto entre a curva um e a dois e bate, levando consigo Christian Fittipaldi.
As voltas são completadas e a disputa pelo primeiro lugar fica embolada. Senna tem problemas de câmbio após 20 voltas, mas se mantém na frente. Ingo, ao tentar se aproximar de Senna erra na curva três e deixa Schumacher passar. O alemão vinha assumindo riscos desnecessários, mas era recompensado com grandes ultrapassagens. Prost vinha em quarto e Emerson em quinto.
Vigésima segunda volta, começam as paradas nos boxes. Senna é o primeiro. Seu carro fica parado ao sairo, engasga, os mecânicos empurram e depois de um longo tempo ele volta. Parece que seu problema é na primeira marcha. Logo em seguida vem Schumacher que faz um pit stop perfeito, mas é atrapalhado ao sair dos boxes com a chegada do carro de Moreno. Os dois quase batem, mas o alemão volta em terceiro atrás de Prost e Emerson que não pararam. Em quinto vem Piquet, em sexto Senna e em sétimo Jackie Stewart.
Mais vinte voltas são completadas, Senna começa a recuperação. Ultrapassa Piquet e se aproxima perigosamente de Emerson que havia parado um pouco antes. Schumacher é o líder, com Prost em segundo.
O calor começa a fazer suas vítimas e o primeiro carro a abandonar por falha mecânica é justamente a Ferrari de Schumacher, na subida da junção. A torcida vibra e começa, a cada instante a secar Alain Prost, que já não tem o mesmo rendimento. Senna, com problemas de câmbio cada vez mais crônicos consegue se aproximar. Mas é cada vez mais pressionado por Fittipaldi.
Faltam 10 voltas. Os pneus parecem que não vão aguentar. Muitos carros se arrastam na pista. Emerson passa Senna. Faltam 2 voltas. Apreensão no ar. A diferença para Prost é de 15 segundos. Começa a última volta. Um sinal, uma fumaça e o motor de Prost não aguenta.
Mesmo assim ele vai levando o carro até onde dá. Ele se aproxima da junção, Emerson encosta. Começa a subida da reta dos boxes, o carro de Prost vai lento, Emerson espera, tem paciência. Na curva do café o carro do piloto francês para de vez. Emerson passa e ganha a corrida. Senna, se arrastando, completa em segundo. Festa na torcida. Clark completa o pódio.
Depois deste dia, Interlagos nunca mais vai ser a mesma...sempre, quem esteve lá, se lembrará como um dia dos mais emocionantes da história da F-1. Começava, disputado, aquele que seria o campeonato perfeito.
dobradinha emerson-ayrton???
ResponderExcluirputz, pq eu não comprei meu ingresso antecipado, rsrs...
Só uma coisa a dizer: Caraaaacaaaa!!!!
ResponderExcluircaraca!!! o Roque anda fumando MUITO! hahahaha
ResponderExcluirRoque! após várias leituras ainda fico com o pensamento distante de como seria um filme sobre estes fatos narrados da F1, a emocionante empolgação, o pega-pega: Prost com Senna, Mansell com Prost, Hill com Shumacher e Alonso e outros tantos momentos na memória registrados.
ResponderExcluirSurpreendente e emocionante o texto.
Belo, Belíssimo Roque!Certamente me lembrei de muitas outras emoções da F1, que bom poder ler estes detalhes.
O que ainda não me foge a memória é aquele dos mecânicos da Ferrari carregando a mangueira de Combustível..e Massa perde o título do mundial!