Sempre que acontece uma corrida de madrugada, como esta da Malásia, os fãs da velocidade sofrem. Sofrem com as respectivas namoradas, amigas, amantes, amigos, casos, etc. O discurso oficial e padrão é que sempre são deixados de lado por conta das corridas. As corridas são mais importantes que o relacionamento, e por ai vai. As que não gostam falam que não vêem graça assistir um monte de carro passando, dando voltas e mais voltas sem sair do lugar.
Mas não tem jeito, quem é realmente louco por corridas, faz de tudo para demonstrar esta paixão ao máximo e assim influenciar sua companheira a participar, a torcer, a vibrar e curtir cada emoção.
Lembro-me de uma namorada, a Patricia, começamos a namorar exatamente uma semana antes do GP Brasil de 1999. Seria o primeiro final de semana que passaríamos juntos como namorados, mas os ingressos já estavam comprados. Lá eu ia ver a corrida no setor E (era uma promoção da Petrobrás, que dava direito a Kit Petrobrás, Arquibancada coberta e lanchinho pra todos), que fica no S do Senna.
Nesta corrida, que talvez foi a que mais a arquibancada tremeu, gritou, pulou, Rubens Barrichello liderou 19 voltas com uma Stewart mas abandonou a corrida no final, gerando uma certa frustração a todos. Cheguei em casa sem voz, mas feliz.
Por conta destas fortes emoções, só fui ligar para a ela no dia seguinte, já com a voz parcamente restabelecida, e do lado de lá...bronca. Contornada a bronca, continuamos namorando e o jeito foi aproximá-la. Levando-a pra ver corridas do campeonato paulista, stock car e outras que por ventura acontecessem.
O resultado disso é que, ainda naquele ano, fui intimado a ver com ela o GP da Itália, com ela...e foi uma das corridas mais divertidas que eu vi, porque ela buscava entender o que significava cada coisa, como era a pista, quais os recordes do circuito, se o Rubinho tinha chances, etc.
O namoro continuou, e mais um GP Brasil aconteceu. Como ela não tinha condições financeiras, acabei indo sozinho, desta vez no setor G, ver o debut de Barrichello na Ferrari, Interlagos lotado, sol, muito sol. Pra compensar a ausência do ano anterior, nada como um celular ligado na hora da largada, pra ela ouvir aquele som apaixonante dos motores.
Assim, o assunto Fórmula 1 não era mais tabu no relacionamento, era entendido e compartilhado em quase que sua totalidade no relacionamento.
Hoje, o destino quis que nos separássemos, mas sei que estas lições a acompanham com a sua família e com seu filho, um baixinho de 7 anos apaixonado por velocidade.
Senna
Hoje Ayrton Senna completaria 48 anos de vida. Deixo à família nossos parabéns e a certeza de que ele sempre estará vivo em nossas memórias.
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